quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Porque é que decidi fazer uma bicicleta reclinada em vez de comprar uma bicicleta?

Muitas das vezes, quando vou em passeios ou mesmo quando vou dar uma volta sozinho, sou abordado por um ou outro ciclista que me pergunta porque é que ando com uma bicicleta reclinada e não com uma bicicleta de estrada "normal"...

Hoje perguntou-me um médico conhecido porque é que eu tinha uma bicicleta reclinada... Ele percebia a vantagem aerodinâmica da bicicleta e também a óbvia melhoria a nível de ergonomia em relação às bicicletas de estrada comuns (ausência total de esforço ao nível do pescoço, dos pulsos e do... bum-bum).

Mas a pergunta foi muito pertinente: "porquê?"

Naquela altura fiquei um bocado sem jeito, atrapalhado com a frontalidade da pergunta, e não lhe respondi exactamente o que queria ou deveria.

Eu podia debitar aqui mil e uma razões para justificar a escolha, mas a verdade é que foi a vontade de andar de bicicleta em família que me trouxe até ao presente momento (em que estou a ultimar a última versão minha bicicleta reclinada).

Triciclo reclinado tandem em versão looonga; 
ao separarmos as crianças (uma no atrelado e outra na cadeirinha)
as viagens foram um socego, sendo as birras substituídas por cantigas entoadas 
por cada um deles!

Uma ideia que nos agradava muito lá em casa era um tandem. Tivemos de experimentar.

 Sintra 26"

Experimentámos a Órbita Sintra 26" que a RedBikeStore nos cedeu na altura. A experiência foi muito divertida mas muito, muito pouco segura!

Não era tanto o arranque que era problemático. A principal dificuldade estava na forma alfa que ambos queríamos exercer o nosso equilíbrio (impondo-o sobre o do outro); e o resultado era uma rápida tremideira dos selins e do guiador de um lado para o outro.

A experiência foi de tal maneira engraçada que decidimos que queríamos um tandem, mas talvez um em que o equilíbrio não estivesse em causa: um triciclo duplo reclinado!

O GreenSpeed GTT parecia ser o candidato ideal... até que, após uma troca de e-mails, descobri o valor absolutamente exorbitante desta máquina: ~€ 12.000,00!!!

Isso seria impensável e impossível!

Na altura não encontrei nenhuma alternativa... Hoje sei que há, por exemplo, o Rover Tandem, da Terratryke:

Foi por pensar que não existia alternativa que decidi procurar compreender como se faria um triciclo reclinado. Li e voltei a ler o "manual" do Rickey M. Horwitz, Build Your Own Recumbent Trike.

Abreviando a história, acabei por convencer um amigo a soldar as várias peças que eu já tinha recolhido num conjunto que se aproximasse de um triciclo reclinado.

O resultado foi o nosso triciclo duplo reclinado, que aqui aparece numa versão de teste.

 Uma primeira saída de teste...

 Outra perspectiva do triciclo, ainda em fase de testes.

Só que esta versão era um bocado pesada e um bocado elástica demais para o meu gosto e, acabou por se tornar no doador de peças: o BionX PL 250HT SL XL que podem ver aqui, os assentos da OceanCycle, as roldanas da Terracycle (indispensáveis para suportar a força de dois adultos a pedalar), as peças que suportam o movimento pedaleiro, etc...

Uma foto para a posteridade, entre Idanha-a-Nova e Monsanto


 Idem


 
 O BionX aparece aqui em evidência

Entretanto, já depois da decisão tomada, chegou o tubo de aço reforçado com carbono, crómio e molibdénio (Cro-Moly) semelhante ao aço Reynolds que eu pensei que nunca mais chegaria...

Fiquei com 7 metros de aço especial, com um diâmetro exterior de mais de 60 mm (adequado para suportar confortávelmente o peso de dois adultos) empatado...

A consola do BionX perto da mão esquerda.
Fui eu que pedi à CaP que me desse aquele autocolante!
Ainda hoje me pergunto se o Bruno e a Ana não terão ficado
embraraçados de ver o nome do projecto deles 
nas costas do meu banco

Foi nessa altura que decidi avançar para a minha reclinada, reutilizando o que pudesse.

Se calhar deveria ter respondido ao médico de hoje algo tão simples como: porque tinha disponível o material...

Mas acho que ele não iria compreender o que isso significa e não acharia metade da graça!



6 comentários:

  1. Está fenomenal BRUNO!! Eu tb ando em experiências com um amigo (mais ele que eu) e ele até já tem 2 pythons a avançar e uma reclinada.
    Qdo o teu médico perguntar outra vez porquê, pergunta-lhe qual o músculo que mais trabalha ao pedalar? A resposta é o coração!! E depois pergunta em que posição o coração tem menos esforço...se em pé ou sentado! ;o)

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  2. Por favor, me interessei muito vendo videos deste modelo de bicicleta, como conseguiria um modelo, com medidas para tentar montar uma??

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    1. Caro JRGava, Infelizmente eu não fiz planos no sentido técnico do termo.
      Eu utilizei partes de bicicletas que tinha (e outras que tive de comprar) para fazer o trike.
      Se eu fosse hoje fazer um, recorreria aos planos da atomiczombie.com.
      Eles vendem planos com medidas, fotos e explicações de como construir uma bicicleta a partir do zero, com componentes acessíveis.
      Eles têm um trike reclinado duplo que se chama Viking e cujos planos pode adquirir aqui: http://www.atomiczombie.com/Viking%20Recumbent%20Tandem%20Tadpole%20Trike.aspx
      Entretanto, informo apenas que o peso (do Viking ou daquele que eu construí) é mesmo elevado e, portanto, será sempre necessário ter mudanças muito curtas (para as subidas) e travões muito potentes (para as descidas).
      Espero ter podido ajudar.
      Boa sorte.

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. Ora viva
    descobri hoje este blog e fiquei admirado da construção da trike.
    Não é nada que eu não tivesse pensado fazer, mas, a solução que eu tinha pensado, diverge de todas as que vi até hoje.
    Passo a explicar:
    A minha ideia era fazer uma trike com duas rodas atrás e com os dois triklistas sentados lado a lado. Cada um propulsionaria uma roda de forma independente. Isto permitia ter um conjunto de seleção de mudanças independente para cada um com 21-24-27 velocidades; permitia que cada um pedalasse de forma independente; permitia boa comunicação entre ambos num passeio e sobretudo permitia boa visibilidade para os dois.
    Como já tem experiência de construção de trikes, Pode-me indicar quais os principais problemas que vê numa construção deste tipo?
    Obrigado.

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  5. As principais desvantagens desse tipo de construção, quanto a mim, são a fraca aerodinâmica (a superfície frontal é enorme), a estabilidade a velocidades um pouco mais elevadas (a menos que se faça um trike muito baixo e largo) e, dependendo da dimensão final e do material utilizado, o peso.
    Os rapazes da Atomic Zombie (http://www.atomiczombie.com/KyotoCruiser%20Sociable%20Delta%20Trike.aspx) têm para venda os planos do Kyoto Cruiser por 17.95 USD; pode servir de inspiração ou de guia, se estiver a pensar seriamente na construção de um "sociable tandem".
    Boa sorte

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