domingo, 30 de setembro de 2012

Ir a uma conferência formal de bicicleta? E se tiver um furo?

Será que posso ir a uma conferência formal (que exige fato e gravata) de bicicleta? Se calhar é melhor levar o carro... O Museu do Oriente tem vários estacionamentos pagos perto...

E se chove? Ou se eu tenho um furo na bicicleta?

Estas foram algumas das dúvidas que me assaltavam na passada segunda-feira à noite.

Mas porque não hei-de ir de autocarro e bicicleta, como quando vou para o escritório?
 
Tinha-me comprometido a ir assistir a uma conferência no Museu do Oriente, que começava às 09:00.

Como habitualmente, saí no Campo Grande do autocarro com a minha dobrável. O dia não prometia, com minúsculas gotículas de água a cair do céu cinzento.


Segui pela ciclovia até Entrecampos, onde desmontei até entrar na 5 de Outubro, que percorri até ao seu final.



Depois de passar em frente à Maternidade Alfredo da Costa entrei brevemente na Fontes Pereira de Melo para a poder atravessar na passadeira (desmontado) e começar a percorrer (já montado) a Rua Martens Ferrão em direcção à Luciano Cordeiro. Depois foi "descer" a Rua Luciano Cordeiro e Rua do Conde de Redondo.


Finalmente segui pela recém-acalmada Av.ªda Liberdade até aos Restauradores, de onde segui até à Praça do Comércio (através da Rua do Ouro) para apanhar, finalmente, a Rua do Arsenal que me deixou no Cais do Sodré.

No Cais do Sodré, contornei a estação de comboios e segui pela ciclovia que aí começa até Museu do Oriente.


Cheguei mesmo em cima da hora! Mas cheguei.

Procurei - sem sucesso - por um parque apropriado para bicicletas... Até que me lembrei de perguntar aos seguranças se haveria algum local para a deixar.

Disseram-me que a podia deixar com eles, no centro de segurança: fantástico! A bicicleta ficou guardada, em segurança, e abrigada da eventual chuva que pudesse cair!

Depois da conferência, quando ia para voltar para o escritório... reparei que tinha o pneu da frente em baixo!

Vestido de fato e sem qualquer ferramenta ou câmara de ar suplente vi-me sem grandes alternativas. Ainda pensei em apanhar um táxi para o escritório, levando a "dobradinha" na bagageira mas, sinceramente, não me apetecia ir dar 7 ou 8 euros por um trajecto que eu faria de bicicleta de forma perfeitamente agradável...

Depois lembrei-me do Bruno, da Cenas a Pedal, que tem um serviço espectacular: o Bicycle Repair Man!

Liguei-lhe e perguntei se lhe seria possível vir ajudar-me. Aproveitei para lhe pedir que me trouxesse um pneu novo para a frente (o primeiro, de origem, já não me oferecia confiança porque estava a ficar careca... talvez tenha sido por isso que furou).

O valor da manutenção da bicicleta lá aumentou um pouco, com um novo Schwalbe Big Apple para a roda da frente.

Como o Bruno me disse que demoraria cerca de meia hora (e, efectivamente, não demorou mais do que isso), fui almoçar ao snack-bar do Museu do Oriente enquanto ele não chegava.

O Bruno, da Cenas a Pedal, a equipar-se para começar o trabalho, com a sua Surly Big Dummy com um kit BionX

Em pleno trabalho, soltando o V-Brake
Retirando o que resta do ar do pneu furado, para o poder mudar.

Escusado será dizer que, depois de um almoço saboroso e de ter a ajuda do Bruno para arranjar a bicicleta, fiquei com um outro ânimo! 
Não demorei muito, pois ainda acabei por chegar cerca de 20 minutos antes da minha colega de escritório que também tinha ido à conferência e que depois regressou de autocarro!

Tudo isto para demonstrar que é possível utilizar a bicicleta como um meio de transporte, mesmo para quem viva longe do trabalho, como eu!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Utilizar a bicicleta em Lisboa?

Sei por experiência própria e por partilha de experiência de muitos bons amigos que não só é possível como também é agradável utilizar a bicicleta como um meio de transporte nas cidades. Mesmo que essa cidade seja Lisboa!

É claro que, com alguma formação específica, melhoramos muito a nossa segurança pessoal e o conforto que sentimos quando utilizamos a bicicleta no trânsito.

Este vídeo tem um percurso muito curto, da Alameda da Universidade de Lisboa (em frente à Reitoria) até à Loja do Cidadão em Lisboa, passando pela ciclovia do Estádio Universitário, mas muito agradável.

A música que se ouve em fundo está baixa propositadamente para que se perceba como o ambiente é calmo e como há muito pouco ruído do trânsito envolvente. Um percurso semelhante a este permite um início de dia tranquilo e agradável; mais activo!

Numa época em que a utilização do automóvel é cada vez mais difícil de suportar - por razões económicas, ambientais e de saúde (própria e pública) - é importante que todos percebam que é possível utilizar a bicicleta como um veículo, que nos transporta efectiva e eficazmente do ponto A ao ponto B sem grande transtorno.




E quanto às sete colinas... Essas apenas representam uma parte muito reduzida da cidade!

Em Portugal o clima é muito ameno e permite a utilização da bicicleta durante praticamente o ano todo.

Isto pode permitir a muitas pessoas poupar bastante dinheiro e usufruir mais do espaço urbano cuja construção e manutenção sempre pagaram com os seus impostos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Velomobiles (IV) - RJK Ecological Car

A mensagem de hoje é dedicada a um velomobile um bastante diferente do Alleweder A4, do Quest ou do Cab-Bike: o RJK Ecological Car. Talvez este tenha as características necessárias para substituir um automóvel no dia-a-dia.

Imagem traseira do RJK Ecological Car; 
veja-se o pormenor da direcção/suspensão traseira e do travão de disco  hidráulico de enormes dimensões.


Este velomobile permite transportar facilmente as compras e duas pessoas adultas, oferecendo uma boa iluminação, bastante conforto e uma grande rapidez nas deslocações, devido à potente assistência eléctrica. Contudo, para oferecer todas estas condições acaba por assumir umas dimensões maiores do que as de todos os restantes velomobiles, o que dificulta (ainda mais do que sucede com os restantes velomobiles) o seu estacionamento nos parques para bicicletas.

O conceito do RJK Velomobile começou a ser desenvolvido na década de 90 pelo Ricardas, pelo que já está numa boa fase de desenvolvimento. Também por isso encontrarão imagens de diferentes versões do veículo na internet.

Estas são algumas das fotos que consegui reunir relativas à primeira versão do RJK Ecological Car.






Para mim é também diferente dos outros porque se afasta um pouco do conceito de velomobile para se aproximar mais do de um pequeno coupé cabriolet. É, na verdade, tal como o apresentam os seus construtores, um veículo híbrido de propulsão humana e eléctrica.

Vista lateral do RJK Ecological Car 
com a "capota" colocada.

Digamos que está a meio caminho entre um dos velomobiles de que já aqui falei e o Twike (que é mais uma moto eléctrica de três rodas que nos permite pedalar enquanto andamos do que propriamente um veículo a propulsão humana).
Twike, um veículo eléctrico que nos permite pedalar, participando na propulsão.
O custo destes veículos, na sua configuração que oferece maior autonomia (de cerca de 180 km)
pode ascender a valores muito elevados: € 35.000,00


No RJK Ecological Car os ciclistas estão sentados lado-a-lado, transmitindo cada um deles a respectiva força à sua roda da frente. Quando o testei, ainda em versão de chassis funcional, este era - e ainda é - dirigido através de um guiador sob o assento - ao género de algumas bicicletas reclinadas - com um pequeno acelerador de polegar (era, também por isto, um híbrido e não já um velocípede).

Outra perspectiva do RJK Ecological Car

Na versão de chassis funcional ou rolante foi-me possível compreender melhor o funcionamento deste veículo, com suspensão às quatro rodas, com assistência electrica nas rodas da frente (pelo que percebo, hoje é possível adquirir um RJK Ecological Car com assistência eléctrica nas quatro rodas) e com a plena compreensão do mecanismo de direcção traseira. Todo o chassis é construído em alumínio (pelo menos na versão que eu conduzi).

Achei curiosa a colocação do pedal de travão: em vez de um manípulo no guiador, o ciclista da esquerda, que conduz o veículo, tem um pedal de travão hidráulico muito semelhante ao que é utilizado no travão de trás das motas (só que nas motas este pedal encontra-se sob o pé direito e não sob o esquerdo) e que pode accionar pedalando para trás e carregando no pedal com o seu calcanhar.

 Uma vista lateral traseira da actual versão do RJK Ecological Car; 
consegue-se vislumbrar o "ambiente a bordo"

Em termos de condução saliento essencialmente o conforto proporcionado pela suspensão e a necessidade de se ter a assistência eléctrica, pois com um peso em vazio de cerca de 115 kg (sem o kit de assistência eléctrica) é muito difícil ultrapassar desníveis elevados. O peso do RJK Ecological Car completo, com o kit de assistência eléctrica e as respectivas baterias é, de acordo com os dados do site oficial, de 200 kg.
Exemplo de uma possível instalação de uma câmara eléctrica traseira
 que faz parte de um sistema multimédia que se pode instalar neste velomobile

Chamo ainda a atenção para a habituação que a direcção traseira requer; para quem não está habituado pode dar a sensação de que o velomobile se está a lançar  em derrapagem traseira. Não passa de uma sensação que desaparece com o hábito. É uma situação que também sucede, por exemplo no Velayo.

Ainda me falta conduzir a versão integral (com carroçaria) que promete imenso em termos de aerodinâmica e conforto adicional: na medida em que as suspensões estão preparadas para um peso relativamente elevado, o teste que fiz sem carroçaria pode ter dado uma impressão (errada) de mais firmeza na suspensão do que na realidade ela tem. Quanto aos travões, são os 4 de disco e de generosa dimensão, sendo que os de trás têm características semelhantes aos dos motociclos.

Por fim, relativamente ao preço, não encontrei valores concretos em euros, mas o site oficial indica LT 39.000,00 (a moeda referida é o Lita Lituano), ou seja, cerca de € 11.300,00 (não inclui IVA). É, sem dúvida, um preço elevado quando comparado com qualquer um dos três velomobiles anteriores, mas também oferece muito mais do que qualquer um deles.

Resta-me referir que este preço já inclui o kit de baterias e assistência eléctrica (com uma autonomia anunciada de mais de 60 km), vidros e aquecimento eléctrico, limpa pára-brisas, travões hidráulicos, e os mostradores de velocidade, temperatura e capacidade de carga restante nas baterias. 

Low Altitude Flying